Direitos Humanos
A comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados publicou, no pretérito dia treze, um comunicado/acusação, a propósito do conflito israelo-árabe ( o qual, para quem sabe história, é, sobretudo, árabe-israelita...). Porque pertenço a tal agremiação, senti-me na obrigação de remeter ao Senhor Bastonário em exercício um responso, que abaixo transcrevo. Obviamente, não espero resposta, eu que não apareço nos telejornais...
"
Exmo Senhor Bastonário,
Li - e não acreditei - o comunicado supra identificado, no portal da Ordem. O líbelo acusatório ali plasmado é indigno de uma apreciação isenta e imparcial.
A morte de civis é, obviamente, condenável- mas, gostaria de saber por onde andava a comissão de Direitos Humanos, enquanto dezenas de "mártires" se faziam explodir em restaurantes, em discotecas, dentro de autocarros, à porta de escolas; será que tais actos já serão, por intercessão de normas que ao bom senso repugnam, justificáveis? O bombardeamento indiscriminado e constante de cidades e aldeias, com recurso a projécteis dotados de nula precisão ( os famosos "Qassam"), já se integra nas "regras de arte" de algum conflito? A utilização de uma retórica xenófoba e racista para designar Israel, é aceite ao abrigo do "relativismo cultural"? Os esforços de uma Estado teocrático e anti-semita para se dotar de armamento nuclear, com o proclamado fito de eliminar a "entidade sionista", merecem da Comissão nada mais do que um esclarecedor silêncio, já que tal facto -ao contrário do novelístico vôo rasante- em nada contribui para turbar a paz mundial? A negação da existência do Holocausto por um senhor com uma imbirração patente pelas máquinas de barbear já não suscita indignações? Sitiar embaixadas e queimar bandeiras por causa de meia dúzia de desenhos patentes numa publicação de tiragem ridícula é uma forma adequada de exprimir o desagrado?
Caro Colega , Senhor Bastonário; vivemos num país onde as sementes do ódio e do preconceito prosperaram, por séculos e séculos - delas brotaram as fogueiras da inquisição, os ímpios "relaxados" pelos condutores espirituais ao braço secular, deportações suicidas para Cabo Verde e São Tomé, listas de sangue que durante dois séculos marcavam a diferença entre ter-se nascido para padecer num inferno sem fuga e a vida, o comércio negreiro, os autos-de-fé enquanto espectáculo que concorria em popularidade com as touradas ( de touradas, infelizmente, continuamos servidos, em sentido próprio e figurado). Tal parcialismo redentor, que colocava os justos de um lado, e os impuros na fogueira parece, infelizmente, reaparecer, de tempos a tempos, para desventura de todos.
Com os melhores cumprimentos,
O Colega, ao dispôr,
João C. Coelho de Lima
CP 6486P"
"
Exmo Senhor Bastonário,
Li - e não acreditei - o comunicado supra identificado, no portal da Ordem. O líbelo acusatório ali plasmado é indigno de uma apreciação isenta e imparcial.
A morte de civis é, obviamente, condenável- mas, gostaria de saber por onde andava a comissão de Direitos Humanos, enquanto dezenas de "mártires" se faziam explodir em restaurantes, em discotecas, dentro de autocarros, à porta de escolas; será que tais actos já serão, por intercessão de normas que ao bom senso repugnam, justificáveis? O bombardeamento indiscriminado e constante de cidades e aldeias, com recurso a projécteis dotados de nula precisão ( os famosos "Qassam"), já se integra nas "regras de arte" de algum conflito? A utilização de uma retórica xenófoba e racista para designar Israel, é aceite ao abrigo do "relativismo cultural"? Os esforços de uma Estado teocrático e anti-semita para se dotar de armamento nuclear, com o proclamado fito de eliminar a "entidade sionista", merecem da Comissão nada mais do que um esclarecedor silêncio, já que tal facto -ao contrário do novelístico vôo rasante- em nada contribui para turbar a paz mundial? A negação da existência do Holocausto por um senhor com uma imbirração patente pelas máquinas de barbear já não suscita indignações? Sitiar embaixadas e queimar bandeiras por causa de meia dúzia de desenhos patentes numa publicação de tiragem ridícula é uma forma adequada de exprimir o desagrado?
Caro Colega , Senhor Bastonário; vivemos num país onde as sementes do ódio e do preconceito prosperaram, por séculos e séculos - delas brotaram as fogueiras da inquisição, os ímpios "relaxados" pelos condutores espirituais ao braço secular, deportações suicidas para Cabo Verde e São Tomé, listas de sangue que durante dois séculos marcavam a diferença entre ter-se nascido para padecer num inferno sem fuga e a vida, o comércio negreiro, os autos-de-fé enquanto espectáculo que concorria em popularidade com as touradas ( de touradas, infelizmente, continuamos servidos, em sentido próprio e figurado). Tal parcialismo redentor, que colocava os justos de um lado, e os impuros na fogueira parece, infelizmente, reaparecer, de tempos a tempos, para desventura de todos.
Com os melhores cumprimentos,
O Colega, ao dispôr,
João C. Coelho de Lima
CP 6486P"
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home