Nosocómio da alma

" L'absurdité est surtout le divorce de l'homme et du monde" Albert Camus, L'Étranger

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

A não esquecer

Aristides Sousa Mendes morreu a 3 de Abril de 1954. As últimas comemorações foram discretas, como convém a um país onde a reverência e a memória vai toda para craques de futebol, respectiva "entourage" e para uma nova categoria de seres, designada genericamente por "famosos", cujo grande mérito parece ser a ausência de vida privada.

Com a rara coragem dos justos, Sousa Mendes, cônsul em Bordéus durante a II Guerra Mundial, conseguiu salvar da matança milhares de judeus, atribuindo-lhes vistos portugueses. A paga, foi a perseguição implacável pelo então "salvador da pátria" ( o messianismo português é desgraçadamente pobre: ou nos saem arruaceiros loucos, ou subprodutos de sacristia), a expulsão da carreira diplomática, a miséria e a morte precoce.

Uma pungente nota biográfica pode ser encontrada em http://www.vidaslusofonas.pt/sousa_mendes.htm. Para ler e divulgar. Afinal, ainda há feitos heróicos de que nos podemos orgulhar. Portugal não é só bola e "reality shows".

Já agora, se puderem - mandem uma mensagem ao Sr. Presidente da República, a ver se intercede pela recuperação da Casa do Passal ( antiga residência de Sousa Mendes) e sua transformação num museu. A decência do país agradece.