A "manif" - take 2
Prossigamos, agora, em analepse.
Ainda antes de o povo sair à rua, saiu para o prelo a "opinião" de Emídio Rangel ( no "Correio da Manhã"), acusando, em súmula, os professores que se manifestassem de não serem mais do que "hooligans" a soldo do Partido Comunista ( em improvável aliança com os "estúpidos" do PSD, como lá também se diz...), uma chusma de madraços, com pouco ou nenhum zelo profissional e avessa à responsabilização pela respectiva actuação, que apenas deseja o revés do ímpeto reformista desta nóvel Teresa de Ávila de penteado arrojado, em quem encontra tantas virtudes que se espera que vá interceder junto da Santa Sé pela sua beatificação, quando o momento chegar.
Algo está muito mal quando um axioma básico da liberdade - a possibilidade de discordarmos, de mostrarmos o nosso desagrado, de dizermos aos outros aquilo que eles não querem ouvir - é tratado daquela forma trauliteira, com insinuações delirantes de grande ou pequena conspiração, sobretudo por alguém que se é jornalista- mas, também já se tinha percebido há algum tempo que Rangel se transvestiu numa Maria del Carmen Pollo dos tempos modernos, sempre inquirindo , à ilharga do governo, " de que lado estás"?
É claro que Rangel tem razão quando diz que não podemos continuar a lançar escola fora ( entenda-se, no fim do ciclo de ensino respectivo) "...jovens analfabetos, incultos e impreparados". Só que nada disso se resolve com um estatuto do aluno que retira qualquer autoridade ao corpo docente; nem com um sistema de avaliação ( dos alunos) que trabalha para a estatística, relegando a reprovação para a a categoria de excepção excepcionalíssima, a fim de nos tornar rapidamente num país pleno de "analfas" residuais, com direito a carta de liceu; nem com um "reconhecimento de competências" que desincentiva o empenho actual, trazendo a convicção que, no futuro, se estará sempre a tempo de obter um título, nem que seja por prescrição aquisitiva, ou simplesmente porque a estatística a tanto obriga; nem com uma vergonhosa "reforma" do ensino superior, que "cortou" as licenciaturas em dois, na prática transformando licenciados em mestres; nem pela anedótica "introdução do Inglês" ( esquece-se Rangel de dizer onde, talvez por incompetência confessa dos seus antigos mestres...), que afinal existe apenas em meia dúzia de escolas do primeiro ciclo; nem pela profusa distribuição de computadores portáteis por todo o bicho careta. Os problemas do ensino não se resolvem com malabarismos vistosos - mas, ter-se-á de perdoar a Rangel o seu descomedimento verbal; no fundo, no fundo, e como reza o título da sua coluna, do que ele percebe é de circo...
Ainda antes de o povo sair à rua, saiu para o prelo a "opinião" de Emídio Rangel ( no "Correio da Manhã"), acusando, em súmula, os professores que se manifestassem de não serem mais do que "hooligans" a soldo do Partido Comunista ( em improvável aliança com os "estúpidos" do PSD, como lá também se diz...), uma chusma de madraços, com pouco ou nenhum zelo profissional e avessa à responsabilização pela respectiva actuação, que apenas deseja o revés do ímpeto reformista desta nóvel Teresa de Ávila de penteado arrojado, em quem encontra tantas virtudes que se espera que vá interceder junto da Santa Sé pela sua beatificação, quando o momento chegar.
Algo está muito mal quando um axioma básico da liberdade - a possibilidade de discordarmos, de mostrarmos o nosso desagrado, de dizermos aos outros aquilo que eles não querem ouvir - é tratado daquela forma trauliteira, com insinuações delirantes de grande ou pequena conspiração, sobretudo por alguém que se é jornalista- mas, também já se tinha percebido há algum tempo que Rangel se transvestiu numa Maria del Carmen Pollo dos tempos modernos, sempre inquirindo , à ilharga do governo, " de que lado estás"?
É claro que Rangel tem razão quando diz que não podemos continuar a lançar escola fora ( entenda-se, no fim do ciclo de ensino respectivo) "...jovens analfabetos, incultos e impreparados". Só que nada disso se resolve com um estatuto do aluno que retira qualquer autoridade ao corpo docente; nem com um sistema de avaliação ( dos alunos) que trabalha para a estatística, relegando a reprovação para a a categoria de excepção excepcionalíssima, a fim de nos tornar rapidamente num país pleno de "analfas" residuais, com direito a carta de liceu; nem com um "reconhecimento de competências" que desincentiva o empenho actual, trazendo a convicção que, no futuro, se estará sempre a tempo de obter um título, nem que seja por prescrição aquisitiva, ou simplesmente porque a estatística a tanto obriga; nem com uma vergonhosa "reforma" do ensino superior, que "cortou" as licenciaturas em dois, na prática transformando licenciados em mestres; nem pela anedótica "introdução do Inglês" ( esquece-se Rangel de dizer onde, talvez por incompetência confessa dos seus antigos mestres...), que afinal existe apenas em meia dúzia de escolas do primeiro ciclo; nem pela profusa distribuição de computadores portáteis por todo o bicho careta. Os problemas do ensino não se resolvem com malabarismos vistosos - mas, ter-se-á de perdoar a Rangel o seu descomedimento verbal; no fundo, no fundo, e como reza o título da sua coluna, do que ele percebe é de circo...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home