Gado bravo
Conta-se por aí que um aluno de Direito terá , um dia, respondido num exame que as leis vêm "em manada"da Assembleia da República. Ignora-se o que lhe aconteceu - Mas, nesta era da sociedade da informação, não me surpreendia nada que se viesse a descobrir que o mesmo é hoje insigne jurista, assessor num qualquer ministério ou de um qualquer grupo parlamentar, e responsável pela elaboração de projectos de diplomas legislativos.
Da primeira vez que ouvi a história, achei-lhe imensa piada - hoje acho menos, talvez por me ter convencido que, no inapropriado exprimir, havia alguma verdade metaforicamente dissimulada. Com efeito, a produção legislativa tem, bem vistas as coisas, matizes de manada. De manada dócil e obediente, no momento da votação, em homenagem à "disciplina partidária", que cala consciências em nome de um "bem maior"; de tropel desenfreado, errático e destrutivo, das leis feitas à pressa e anunciadas como a última versão da banha da cobra para erradicação de todas as maleitas sociais. Ora, segundo notícia fresca (http://tsf.sapo.pt/online/economia/interior.asp?id_artigo=TSF168299), prepara-se o governo para aumentar para o dobro a taxa do IMI , sobre casas que não ultrapassem um determinado consumo de água e luz. A fórmula mágica permitirá colocar "no mercado" uma infinidade de casas, para cumprimento do salutar direito à habitação própria, e evitar a "desertificação"(!) de Lisboa, Porto e outras centralidades. Porque, como é público e notório, a escassa quantidade de casas disponíveis para venda ou arrendamento são disputadas à dentada por uma turba de potenciais compradores ou arrendatários endinheirados; porque, como se sabe, em Portugal nunca se licenciou às cegas a construção intensiva de mamarrachos que pressopunham, para ocupação total, uma nova explosão demográfica; porque, como é dogma indesmentível, Porto e Lisboa estão às moscas, preferindo a população deslocalizar-se para o interior e viver em cavernas, onde a vida é mais ecológica, sem estradas, hospitais,escolas ou saneamento. Porque, como é ponto assente, por todo esse imenso Portugal há água canalizada nos sítios mais remotos, que permita a pidesca operação de controlo; porque no centro de Lisboa e do Porto há verdadeiros condomínios de luxo, em irrepreensível estado de conservação e com todas as comodidades, devolutos...A solução é deveras imaginativa -e, como se sabe, a imaginação, à semelhança da estupidez, não tem limites . Infelizmente, para todos nós, está também frequentemente pejada, de forma que são de esperar para breve novos partos
Da primeira vez que ouvi a história, achei-lhe imensa piada - hoje acho menos, talvez por me ter convencido que, no inapropriado exprimir, havia alguma verdade metaforicamente dissimulada. Com efeito, a produção legislativa tem, bem vistas as coisas, matizes de manada. De manada dócil e obediente, no momento da votação, em homenagem à "disciplina partidária", que cala consciências em nome de um "bem maior"; de tropel desenfreado, errático e destrutivo, das leis feitas à pressa e anunciadas como a última versão da banha da cobra para erradicação de todas as maleitas sociais. Ora, segundo notícia fresca (http://tsf.sapo.pt/online/economia/interior.asp?id_artigo=TSF168299), prepara-se o governo para aumentar para o dobro a taxa do IMI , sobre casas que não ultrapassem um determinado consumo de água e luz. A fórmula mágica permitirá colocar "no mercado" uma infinidade de casas, para cumprimento do salutar direito à habitação própria, e evitar a "desertificação"(!) de Lisboa, Porto e outras centralidades. Porque, como é público e notório, a escassa quantidade de casas disponíveis para venda ou arrendamento são disputadas à dentada por uma turba de potenciais compradores ou arrendatários endinheirados; porque, como se sabe, em Portugal nunca se licenciou às cegas a construção intensiva de mamarrachos que pressopunham, para ocupação total, uma nova explosão demográfica; porque, como é dogma indesmentível, Porto e Lisboa estão às moscas, preferindo a população deslocalizar-se para o interior e viver em cavernas, onde a vida é mais ecológica, sem estradas, hospitais,escolas ou saneamento. Porque, como é ponto assente, por todo esse imenso Portugal há água canalizada nos sítios mais remotos, que permita a pidesca operação de controlo; porque no centro de Lisboa e do Porto há verdadeiros condomínios de luxo, em irrepreensível estado de conservação e com todas as comodidades, devolutos...A solução é deveras imaginativa -e, como se sabe, a imaginação, à semelhança da estupidez, não tem limites . Infelizmente, para todos nós, está também frequentemente pejada, de forma que são de esperar para breve novos partos
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