A náusea
Há um candidato a deputado que insiste em lembrar-me que, afinal, ele existe mesmo. A minha caixa de correio é ciclicamente invadida por panfletos em que o garbo mancebo assegura ser responsável pelo "enterramento" da linha de comboio em Espinho ( eu prefiro chamar-lhe inumação de parte da alma da cidade); por profusa obra assistencial; por uma imensidade de trabalhos de que não me lembro agora, mas de que o meu caixote do lixo há-de guardar lembrança. Desconheço por enquanto se a chegada à lua e as aparições de Fátima se devem também à labuta de tão esforçado moço.
O viso da mesma personagem aparece igualmente multiplicado pela cidade, em cartazes de variadas dimensões. Um espaço envidraçado acha-se repleto de retratos do indivíduo, a meio da bandeiras, balões e outros adereços.
A imprensa local alarda a gesta heróica deste Hércules, pelos vistos também vareiro. Parece que elaborou um sonolento relatório (ou, pelo menos, leu-o) de uma obscura sub comissão parlamentar.
O candidato aparenta ser caucasiano. Ignoro, para já, que mais o distingue de Kim Jong-Il. Espera-se que muito. À cautela, não voto nele.
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