O último "post" que aqui coloquei despertou algumas mágoas - que há uma Espanha vanguardista e moderna, que há espanhóis que falam línguas estrangeiras, que a Espanha faz a "enveja" de outros países.
Ora, começando pelo início: o "post" não tinha por intenção demonizar a Espanha, nem os espanhóis. O "post" teve como pretexto duas sondagens recentes e - sobretudo - a tal sondagem que dava conta que 28% dos portugueses desejariam ser espanhóis. O que, a partir daí se fez, foi uma interrogação irónica, com o traço grosso da caricatura -obviamente- sobre os motivos que levariam tantos a quererem tal coisa. De resto, se leu até ao fim, a ironia acaba após o " e agora, para algo completamente diferente", onde se identificam pequenas e grandes coisas, de alguma e de somenos importância, que poderão ter influenciado o sentido da resposta de tantos-algumas das quais teriam, certamente, influenciado a minha resposta, acaso ela fosse assim tão simples, acaso alguém me tivesse perguntado.
Não apresento desculpas pela caricatura- tenho a certeza que, da mesma, se rirão muitos, portugueses e espanhóis. Essa capacidade de rirmos de nós próprios, e dos outros, desenvolve o sentido crítico, é uma forma de exorcismo de fantasmas, de nos reconhecermos nas nossas pequenas peculiaridades, até de nos sabermos diferentes dos outros. De resto, gosto bastante de Espanha, dos romances de Torrente Ballester, de Montalbán, de Cela, de Molina; tenho uma predilecção pela sidra asturiana e pelo "bacalao al pil-pil"; continuo a ouvir "Los ilegales" e Loquillo ; esforcei-me por aprender castelhano, no qual me vou conseguindo expressar sem sucumbir à tentação do "portunhol"; gosto de viajar para destinos estranhos, como Luarca ou Caños de Meca, e apesar de tudo não se sentir desenquadrado. Não tenho,pois, qualquer "visão obscurantista" de Espanha. Que fique claro.